sábado, 25 de setembro de 2010

Beco

Indo pra casa de alguém, eu me vi. Passeando a noite por uma parte esquecida da cidade, estava ao lado de uma amiga andando apressadamente, mas não deixando passar detalhe algum dos meus olhares. os taxistas intediados ao lado de suas máquinas, encostados no beco, apoiados a uma nuvem esvaída. as luzes cada vez mais fortes, me cegavam parcialmente. os carros e as músicas variavam. eu me senti, sumindo naquele beco.. onde meus olhos tomados pela exaustão, se fecharam.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Depois do vinho.

Parecia uma longa viagem. Me lembro bem à 2 anos atrás quando parei ao lado de uma mesa de sinuca, meio bêbado e desaparecendo em minhas visões alternadas. Estava sem camisa e com vários amigos naquele lugar, me divertindo em meio ás prostitutas e bebidas, ria pro vento.. e em uma daquelas fases do etílico, eu senti um grande vazio aqui dentro, senti falta de um afago, o contrário de meus amigos, que só estavam se importando com o sexo e sua satisfação pessoal. eu queria naquele instante estar recebendo carinhos e poder doar também. olhando pra'quele estabelecimento bagunçado e vazio, senti a ausência de amor. me sentei numa cadeira de plástico e vesti minha camisa que exalava um odor inconfundível; álcool. movimentei meus olhos pra direita, de onde vinha um baixo ruído, e lá estava uma linda mulher chorando.. me apressei em levantar e com intenção de ajudá-la, logo estava ao seu lado. ela usava salto e uma mini-saia rosa que atraía até o olhar das moscas. preferi não reparar muito nas vestimentas da menina, cheguei mais perto e sem tocá-la, perguntei-lhe baixo:
- Menina, o que te aflinge? Por que choras?
Ela, cabisbaixa, levantou o rosto e com a maquiagem borrada, os seios quase á mostra, ela estava me contando dessa noite. O nome dela era Raquel, ela tinha vinte e seis anos e estava trabalhando nisso a dois anos. Ela se vendia, pra pagar as contas da família, e a mãe achava que ela havia se formado em enfermagem, sendo que o dinheiro entregue a ela para pagar o curso, servia de alimento para seu ex namorado comprar crack. hoje, ela havia descoberto através de um exame de farmácia, que havia engravidado de um de seus clientes. foi trabalhar, mas se sentiu inválida.
Eu a abracei, mesmo sendo desconhecido, ela retribuiu o abraço. eu sentei e comecei a contar a minha história de vida a ela, tomamos uma garrafa de vinho, eu já estava bêbado, e ela se divertindo, me contando casos engraçados.. acontecimentos cômicos que me animaram. eram 4 da manhã, estávamos na frente de um bar fechado, deitados e abraçados olhando as estrelas. Trocamos telefones, e marcamos um encontro. Saímos, nos beijamos e transamos. Dessa vez, eu senti algo a mais, não foi uma transa qualquer, foi uma troca de sensações incomparáveis, foi amor.. e ela nem me cobrou por isso. Saímos de novo e de novo.. mas ela se preocupou pois precisava do dinheiro, deveria ajudar em casa.. então eu arrumei um emprego pra ela, Raquel seria minha secretária, eu era um empresário bem-sucedido. Fui apresentado à família dela como seu namorado e a apresentei a minha como Noiva. Fiz Raquel continuar grávida, o aborto era a única opção daquela menina desamparada, fomos fortes. No dia vinte e oito de abril do ano passado nos casamos.. hoje, temos um filho lindo, meu filho. tenho uma mulher que costuma me chamar de anjo, e eu prefiro pensar que ela é a minha também. nos ensinamos que o amor sempre aparece, independente de como vir, ele vai aparecer na hora certa e vai te deixar sem ação. o inesperado sempre me atraiu, depois que encontrei meu real amor, tudo o que era surpresa, não me assustou mais. apenas passei a crer no destino e deixar as coisas acontecerem, como se tudo tivesse escrito.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sonho

Como uma pequena menina ela brincava entre as flores, balançava as lindas rosas e o perfume se misturava áquele vento gelado.. o mesmo que balançava seus cachos ruivos. junto aos espinhos, junto as rosas e ao vento, ela era só uma menina. eu a assistia de longe, fiquei aluscinado com aquela pequena flor em meio ás outras. a perplexidade me invadiu naqueles momentos. a minha rosinha se movia lentamente, sorrindo pro jardim e recebendo o brilho forte do pôr do sol. os silfos ajudavam a movimentar o ar, assim, seu vestido branco de algodão dançava junto aos movimentos leves. fiquei observando e de um breve descuido, desceu uma lágrima em meu rosto. meu corpo se esvaía gélido. eu então voltava para o meu eu, voltava para o meu veículo de expressão. abri os olhos, e ainda me acalmando daquele intenso devaneio, sabia que aquela flor, era a minha menina e não havia força que pudesse me impedir de encontrá-la.. só que agora, além dos meus sonhos ou até mesmo fora deles.