quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Novembro

Era início de novembro, eu estava em Londres suportando o frio e além de tudo, sozinha. Meu café quente de todos os dias me lembrava o calor de um amor.. descia pela minha garganta me causando sensação de plenitude, porém, efêmera. Essa era a ausência. Eu via de perto a saudade e abstinência do calor, e me via comparando qualquer presença do mesmo, ao amor.
É como se aquelas lembranças se fizessem insuficientes e todas as conversas que tive aqui, se emudecessem. Era precisão um amor comigo.
Minha aliança de ouro não estava mais tão presente. Caiu em desuso. Não quero um noivo de vinte e cinco anos que só pensa em sexo. Eu deveria estar pensando nele, porém, em nenhum momento lembrei-me de passeios ao parque, de risos incessantes.. deve ser porque essas recordações nunca existiram.
Sozinha em Londres, a cidade romântica da Inglaterra (e o pior de tudo, a trabalho).
Certa noite, dia 14 de novembro, decidi fazer algo; sair.
Troquei o café pelo capuccino. Coloquei um vestido pouco usado, me lembrava o calor do meu país. Era preto e tinha paetês brilhantes. Fui ao saguão do hotel, deixei minhas chaves e pedi um táxi.
Pedi sugestões ao taxista que logo me respondeu. Nessa noite mais quente os jovens iam para um restaurante temático onde a música era trance , onde a comida era cara, porém, era ótima. Então eu fui.
Me sentei em uma mesa e pedi logo de entrada um copo de vodka inglesa. O lugar tinha iluminação ambiente e estava cheio, talvez muito mais que o normal. Fiquei feliz, me senti aquecida outra vez. O tempo passava e eu estava bebendo muito, até que um gentil homem se sentou á minha mesa me perguntando o porquê de tantos copos de vodka, insinuando que eu estava bêbada e se oferecendo pra me ouvir.
Um anjo caiu do céu, em plena noite de novembro, em Londres.
O calor que aquele homem provocava em mim percorria rapidamente a minha espinha e me deixava com vontade de lhe abraçar e agradecer por isso, algo que eu não sentia com outro. Ele era espanhol e morava em Londres a alguns anos.
Conversamos, e muito. Descobri que ele era dono daquele estabelecimento, onde descobri de novo o calor. Dei meu telefone a ele, e saí quase ao amanhecer.
Cheguei no hotel e pedi: Um café e um amor, quentes por favor. Não! Altere o pedido.. um Capuccino e um amor, quentes por favor.
Estava eu, loucamente e desesperadamente ansiosa pr'aquela ligação que talvez mudasse algo, ou o rumo de tudo.

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